sábado, 8 de março de 2008

NÃO VÁS


Preciso do beijo. Preciso do abraço. Preciso do aperto. Preciso do corpo. Preciso de ti. Tão simplesmente tudo acaba como o golo de um café quente em chávena fria. Partilha o cigarro. Engole soluços de lágrimas compulsivas e vai-se camuflando esta fragilidade com sorrisos descabidos e temidos.
Não vás. É só um tempo. É todo o tempo. Perde-se tudo, palavras, razões, explicações. Não vás. Conto até três e respiro fundo. Quais suspiros? Quais respirações? Qual controlo? Só sei chorar como criança que ficou para trás. Não vás! Partir como se fosse até amanhã e deixar claro que o depois já não existe.
Porquê? Só queria um motivo. Uma briga, um grito, uma ofensa e era tudo tão mais fácil. Mas até a acabar somos pragmáticos… e agora? Tenho medo de acordar de manhã. E se perguntarem por ti, que queres que diga? Eu nem sei. Se soubesse escrever estes lenços de papel sujos, mas não passam disso. Cheia de bloqueios e com tão pouco para dizer. Quero o beijo. O beijo. Lembras-te? O abraço. Tantas despedidas e agora sem chegada. Eu tão chegada a ti. Esta descolagem pânica. Onde estás? Não vás. Só mais um segundo para provar-te o olhar. É curto e reticente. Na verdade não sei mais do que as constantes lágrimas e a certeza de que se batesses à porta, já estarias cá dentro. Eu nem posso esperar, o meu lirismo diz-me que a tua simplicidade segue e eu não posso esperar porque não vens. Mas porque não vens?...































Não vás.

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