segunda-feira, 30 de março de 2009

agapito

Não sei se acredite. Se invente. Se continue.
Quantas vezes a loucura parece uma constante história de madrugadas eternas. Não passa de um sopro que já foi.
Não sei se acredite. Não sei mesmo se invente. Pior, não sei se sei continuar assim meio contra mim meio a fugir de mim. Meia em ti.
Quantas vezes dei por mim a abraçar a utopia de te ter nos lábios. Quantas vezes sorri e disse “está tudo bem” só para não ter de responder a perguntas que nem eu… nem eu sei se tenho espaço para as ter. Quantas vezes guardei o teu cheiro na almofada para não sentir que isto chamado de dois é apenas um a pensar. Quantas vezes suguei o impulso de te chamar. Quantas vezes obriguei-me a lidar com frieza comigo. Quantas vezes fiz de tudo para que não percebesses que és tu. Quantas vezes não tive coragem de te dizer que sim casava contigo já. Quantas vezes senti que sentia por dois o que é a dois. Quantas vezes desliguei o telefone de lágrimas e chorei calada a facada da ausência para que ninguém percebesse que me sinto sozinha. Quantas vezes chamei-te estúpido, cabrão, mandei-te à merda e odiei-te só para suportar a dependência de um beijo teu. Quantas vezes adormeci o abismo acreditando que amanhã seria melhor. Quantas vezes achei que era a paranóica, a problemática, a culpada por não te lembrares… de me dizer olá. Quantas vezes exercitei energias para que não chegassem a ti o peso que me tens quando não estás. Quantas vezes? Quantas?
É preciso? Por quanto tempo?
Quantas vezes mais são precisas para não precisar mais de vez alguma até sentir-te apenas. Como a loucura da história das madrugadas eternas.
Não desgaste o silêncio por tanto tempo. Uma história de silêncio tem pouco que contar.
Se não tens coragem de o fazer diz-me. Eu faço por ti. Mas não me faças passar. Mais quantas vezes…
Conto as vezes que o telefone tocou sem ser por resposta. Quantas vezes fui desejada do nada. Quantas vezes disseste-me que querias estar comigo. Não preciso disso sempre. Não preciso a toda a hora.
Uma só vez bastava para alongar esta caminhada de histórias singulares. Só uma vez acreditava para pelo menos a ilusão de que um dia é sempre. Ter.
Pelo menos não fujas de ti. É a única maneira de saber se o meu lugar é aqui.
Não sei se acredite. Não sei se invente. Não sei se continue.

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