quarta-feira, 12 de março de 2008

inspira. expira. .................mais nada.


Já passou tanto tempo. Ou tão pouco.
Não tenho o teu cheiro. Não te tenho a pele na boca. Não te tenho os olhos em mim. Continuamente perco míticas histórias de vencedora deste fracasso. Acendo este fingidor de mim. Sem ti e para ti. Tu que não vês. Só precisava de um suspiro teu. Encostar diafragmas para respirar uma vez mais o uníssono das vozes caladas. Suspirar encostos internos. Morar em ti como apenas um.
Arrancaste e eu nem fui capaz de dizer que não. De tão pouco querer prender mais depressa fiquei presa à garra desta ausência. Sentei-me no passeio da estrada, esperei. Por mais que ande tenho a certeza que nunca saí de lá. Não à espera de te ver chegar. Apenas para ter a certeza que te vi partir. Vi e não vi.
Já percorri todos os recantos. Já fiz mil vezes limpezas internas. A perda chega a ser a dúvida se alguma vez se teve. Ai que tristes modos de posse.
Tenho ainda um grito para te dizer ao ouvido. Uma canção para te dizer em silêncio. Não ouves? Prende-me. Agarra-me. Mata-me. Mas aparece. Faz-me existir mesmo que desaparecer. Mais não dá.
Olá, o meu nome é… lembraste de mim. Conheces-me?
Estou cansada de amarras feridas. Estou morta neste cemitério de memórias. O meu amor cheira a mofo e a saudade tem o leve compasso do bolor. Decomponho-me nestas teias que deixas-te para trás. Eu tão depressa deixei como ai fiquei. Engulo em seco compulsivamente reservas perigosas de desejos e angústias vertiginosas. Salivo cafés como se beijos se tratassem. Vesti a pele da personagem que desconheço.
Prende-me. Agarra-me. Mata-me. Mas aparece.
Já tenho as mãos geladas. Perdi a cor ao rosto. Prendo o olhar na estrada e caminho nesta estrada do interior sem mar nem rio. Deitada na campa dos pecados sou fantoche de amor virtual.
Prende-me. Agarra-me. Mata-me. Mas aparece.
Não quero nada mais. Apenas olhar e sentir um ultimo segundo o respirar de qualquer instante guardado na algibeira. Prometo não dizer nada, não pedir nada. Shhuuu só ver.
Só ver.
Só cheirar.
Só.
Mais nada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Very Powerful, ctn