De regresso à caixa negra. A das viagens. Sento-me uma vez mais naquele secreto instante de vozes reduzidas ao seu dobro. O conter. Contimento. Continente.
De regresso aos cigarros mal apagados na espera incorpórea de uma criação inquieta. Borbulha mas não brota.
De regresso às confissões de cadeiras vazias. De regresso ao desatino de luzes acesas numa estadia que nunca acaba nem fica por aqui.
Ergue-se o corpo que não regressa, progride. Cruza os braços e cruza os braços numa golpada contrabandista de expectativas e canalhices.
Inspiro. O diafragma ou a gravidez artística. Expiro, ou o parto fatal. Recomeço. Repouso. Olho. Cadeiras vazias e o espelhar mascarado desta dita desmultiplicação abstracta. E volto a ser aquele ser múltiplo que o poeta fala.
Fecho aquilo que me faz andar distraidamente sem guião nem esmola na mão.
Agora vou passar o alicate. Na verdade não queria, parece que tudo é passível de se concretizar. Contrabandear. Quero guardar. Neste intermédio de modas e mal feitios já não se guarda nada. Já não se vê nada. Já não se sente nada. Amar a vida é uma necessidade e a lamechice caiu em desuso. Vou passar, o alicate. Porque contrabandear é preciso e ficar parado é estar apagado. Queria guardar. Não posso guardar. Vou contrabandear. Queria guardar.
Este é o único sinal de alerta para sobreviver na cela de abraços espicaçados e beijos gelados. Eu vou passar. Eu vou contrabandear porque a única forma de guardar é contrabandear sacanamente ser aparentemente do clã e profundamente banal.
Aguardo a necessidade e a força motora no espaço da desgraça divina.
Espero.
Mais tarde fala.
E regresso.
 
sábado, 8 de março de 2008
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