Entrei no bar em que a mulher se despiu e chorou. Entrei no bar onde agendei corpos teatrais. Entrei no bar onde o café foi mais caro que o silencio. Entrei no bar onde a luz era de mais para a escuridão onde me apetecia segredar.
Mas entrei novamente no bar.
“Já estamos fechados.” Disse o empregado, que não me trouxe o café caro em chávena fria. Aquele mais caro que o silencio. Respondi convicta “eu sei” determinada e pouco importada com a opinião dele a meu respeito. Dirigi me ao sofá cor de batôn de prostituta. Rondei a mesa e pus os olhos no chão ao estilo de Mr. Johns. Continuei, sem suportar a preocupação dos homens de colete basáltico e semi simpático. Insisti durante o tempo da minha paciência e larguei passos. Dali para fora.
O brinco não apareceu. Mais um, pensei.
Encostei-me à porta do carro ouvindo RFM pelo esconderijo de um vidro. Deixei-me bater pelo pouco vento que a noite ainda aguentava.
Sentei-me no carro. Remoendo o corroído. No carro um pouco mais escurecido que o sofá cor de batôn de prostituta.
Instalei-me. E sorri. Era a única maneira de não responder.
Mexi no cabelo. Falei da franja. Peguei nas chaves. Respirei fundo e não chorei.
Era a única maneira de esconder as gotas salgadas da cara maquilhada.
Saí novamente pela porta oposta à do cavalo. E pensei sem medo que aquele segundo era apenas meu. De aproveitar.
Cheguei ao nº 5. As chaves diziam-me que era o meu. Voltei a por os olhos no chão ao estilo de Mr. Johns como se nada mais houvesse a dizer.
Estava lá. Intacto. O brinco.
Mas o pior foi chegar ao computador e o tal programa falar por mim: Firmites, disponível. Naquele momento não me apetecia que escolhessem. Como naquele momento não me apetecia saber que não havia ninguém a esta hora igualmente disponível. Não me dei ao trabalho de mudar o estado. Porque na realidade apeteceu-me enganar a tecnologia. Preferi achar que não estava para ninguém quando se julga comunicar por alguém.
Respirei. Sorri e escrevi.
That´s enought.